Pinhões: um território quilombola

Pinhões: um território quilombola

A Comunidade Quilombola de Pinhões, localizada no município de Santa Luzia, Minas Gerais, está situada entre o Mosteiro de Macaúbas e o extremo norte da Sesmaria de Bicas, depois Fazenda de Bicas, próximo ao chamado “Cemitério dos escravos”, onde ficava a propriedade de uma tradicional família luziense, a família Diniz. Foi o proprietário da fazenda das Bicas, João Câncio Nunes Moreira, que mandou alguns escravizados seus para residirem no local e vigiarem as divisas da Fazenda com as terras da Sesmaria do Convento de Macaúbas. Ali plantavam, criavam animais… e as terras foram passando para seus descendentes.

A denominação do Quilombo se deu pela existência de uma grande quantidade de Pé de Pinhão (Jatropha mutabilis). Como eram muitas árvores, as pessoas diziam: “ir aos pinhões”. Tornou-se Pinhões. As sementes foram usadas pela comunidade para fazer sabão com o seu óleo. Hoje já não se encontram mais “pés de Pinhão”.

Em 2017, Pinhões foi certificada e reconhecida pela Fundação Cultural Palmares como Remanescente das Comunidades de Quilombo. É um lugar marcado pelas memórias de um passado construído a partir da diáspora africana e das lutas e resistências negras no cenário nacional. Neste lugar há muitas histórias carregadas de significados e emoções. Somos herdeiros de homens e mulheres que souberam amar, acolher e, assim sendo, podemos dizer, pela eternidade: “Amamos profundamente Pinhões”.

Que imensa responsabilidade, nós, descendentes, temos de perpetuar, assegurar e garantir o tanto que já foi feito. Juntos reafirmamos o compromisso de embalar, para sempre, a responsabilidade de deixarmos marcas para o futuro.

Sonia Aparecida Araújo
Quilombola e Mestre em Educação
Maio/2023

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